Capítulo 32

Tinha de admitir que, desde que o Rodrigo aparecera na minha vida e me ignorara ao mesmo tempo, o Gonçalo acabara por ser umas das melhores coisas que me aconteceu naquela temporada. Era simpático, humilde e com grande sentido de humor e isso resumiu-se no percurso que nos levava do ginásio ao bar.

- Não era preciso te dares ao trabalho de me acompanhares - disse eu, enquanto atravessávamos o corredor.

- Não custou nada, além do mais a quem podia eu ''cravar'' um café senão à única que não me conhece? - riu enquanto insinuava.

- Porque dizes isso?

- Porque o resto já está habituado. É um dos meus vícios e passatempos - continuou a rir e, desta vez, juntei-me a ele.

Enquanto nos ría-mos em conjunto, olhares curiosos provenientes de vários pontos daquela zona se fixavam em nós, coisa que me deixava constrangida, detestava ser o centro das atenções, por isso me recusava a ter algum tipo de amizade mais sólidas com figuras públicas, já que era fácil tê-los devido aos negócios familiares.

Leire ao Telemóvel

Ainda a caminho do bar, toca o telefone...

- Estou? - atendi

...
- olá amor... que saudades!
(olhei para o Gonçalo e a sua expressão ficou diferente, mais rígida)

...

- Ainda não fiz grande coisa, apenas conheci os rapazes do futsal

...

- Não te preocupes, são bastante simpáticos... principalmente um..
( Aquela expressão fria e rude alterou para um sorriso)

Sorriso do Gonçalo

...

- Sabes que és especial e não te troco por nada deste mundo

...

- depois eu ligo-te a contar as novidades, agora vou ter de desligar, obrigado por tudo, adoro-te - despedi-me depressa e nem deixei que respondesse.

O tempo desse telefonema foi o que levou a chegar ao bar. O Gonçalo continuava igual, não estava a perceber o que se tinha passado, apenas me deixou à porta e foi embora sem margem de tempo para lhe pagar o tal café. O que teria feito eu?

Pedi o meu pequeno almoço, uma torrada e um chá. Ainda faltavam 10 minutos, mas como não sabia onde ficava o gabinete médico, por isso resolvi procurar. Perguntando aqui e ali lá encontrei, foi mais rápido do que pensava, estava abismada com aquilo tudo, era um sonho, estava rodeada de pessoas que admirava.

O dr. tinha acabado de chegar,, agradeceu a minha chegada antes da hora para me explicar, juntamente com a cardiologista como os aparelhos funcionavam e os melhores métodos de utilização dos mesmos e dos posteriores exames. Tinha entendido na perfeição, além de um excelente médico era um excelente professor. Pedí-lhe permissão para exemplificar todos os procedimentos anteriormente explicados, já que ainda faltavam uns minutos para os atletas chegarem.

- Claro que sim.. gosto desse profissionalismo é sinal que estas interessada em que tudo corra na perfeição - elogiou.

- Sou muito proteccionista e exigente comigo mesma.

Fiz os passos todos, com algumas correcções para facilitar o trabalho, mas além disso nada mais a apontar. estava a sair-me melhor do que esperava.

- muito bem Leire, tu nasceste para isto, fazes com paixão e muita dedicação - iniciou - este ramo devia ter mais pessoas como tu.

Sentí-me a corar, mas agradeci

- Muito obrigado, eu sinto que nasci para isto e isso torna-me numa mulher completa e feliz - disse-o com um brilho nos olhos.

Quando de repente batem à porta, era a secretária, avisando que os jogadores já estavam todos prontos para os testes.