quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Capítulo 65

Aquele braço era de Cuã Reymond, a cara da escola de surf e com quem tinha dançado.

- Desculpa, posso convidar-te a uma bebida? - convidou Cuã

- Claro que sim, com todo o prazer. - respondi

Cuã
Ele fez o pedido e ficámos na barra a conversar sobre as nossas vidas, quando um fotógrafo nos interrompeu. Trabalhava para uma revista conceituado de desporto.

- Boa noite, desculpem por incomodar, mas será que podia tirar uma foto vossa para a nossa revista?

- Por mim não há problema, importas-te? - perguntou Cuã

- Não - respondi pouco convencida, porque na verdade importava-me e muito, mas não queria prejudicar o trabalho ao jornalista já que estava no local para escrever uma matéria sobre a festa e a escola, sendo assim aquela era uma oportunidade não só para o surf como também para a empresa de cosméticos.

- Informo que esta foto vai ser capa, já que a edição deste mês é dedicada ao surf e como vocês são a cara e a menina é neta da dona do patrocínio principal é a foto ideal. Vai ser o tema em destaque.

Algo borbulhou no meu estômago  já era forçada a tirar a foto e ainda por cima capa? Ainda por cima a revista é mundial e em Portugal certamente iriam descobrir quem era a minha família, não é que tenha vergonha, mas apenas queria a minha privacidade, já chegava a falta dela quando estou no Brasil. Fiz aquilo que, nos últimos tempos aprendi, não sofrer por antecipação.

O fotógrafo lá deu as instruções para a melhor pose e um flash acendeu-se.

- Obrigado - agradeceu.

- De nada- respondemos em conjunto.

Ainda estivemos na barra uns minutos mais, a música tocava e o público estava animado.

- Queres vir dançar? - desta vez fui eu quem convidou

- Adoraria - aceitou enquanto esboçava um enorme sorriso.

No Salão tocava ''Jai Ho'' das Pussycat Dolls e nós tornámos- nos muito cúmplices na dança. Até ao final da noite ninguém nos tirou da pista, até porque os dois amamos dançar e demonstrámos nessa noite essa faceta.

cumplicidade da Leire e Cuã a Dançar
A festa por fim acabou, estava morta e a Camila veio ao meu encontro.

- Vamos Leire? - perguntou a Camila

- Vamos sim, mas antes deixa-me apresentar-te uma pessoa que conheci hoje. Este é o Cuã, ele é a cara da Escola de Surf.

- Muito prazer - disseram enquanto se cumprimentavam com dois beijos.

- Desculpa vou ter de ir embora, foi um prazer conhecer-te, gostei muito desta noite, obrigado por tudo - despedi-me

- O prazer foi todo meu, será que posso só falar contigo uns instantinho? - pediu

A Camila viu logo que a presença dela estava a mais e decidiu esperar-me no carro.

- Diz... - perguntei

- Será que é muita indiscrição pedir o teu número de telemóvel para combinar-mos um café?

- Não é indiscrição nenhuma, adorei conhecer-te, não gostei muito de seres ''famoso'', porque não lido bem com essas coisas, muito menos com a falta de privacidade, mas gostava de voltar a falar contigo antes de voltar para Portugal. - Respondi

- Voltar para Portugal? Como assim?Não tens a tua família aqui? - Disse confuso

- Tenho sim, mas fui viver com a minha avó para Portugal e vivo lá, neste momento estou de férias da Universidade e como já havia algum tempo que não vinha e a minha avó já faleceu, resolvi vir passar o Natal com a minha família. - informei

- E quando voltas? - perguntou

- No dia 2 já tenho de estar em Portugal... Ainda tenho praticamente 2 semanas

- Eu estou em gravação de uma novela, mas tenho tempo para irmos beber um café e conhecer-te melhor - disse

- Vou com todo o gosto..Agora vou ter mesmo de ir - ditei-lhe o número e despedi-me com dois beijos.

A Camila já devia de estar chateada, pelo imenso tempo que estava à minha espera, por isso apressei-me e fui ao seu encontro.

- Desculpa querida, mas ele deu-me conversa - sorri

- sei sei.-... disse sarcasticamente

- não inventes Camila, apenas trocámos os números de telefone, quer dizer ele ficou com o meu e prometeu ligar para irmos beber um café antes do meu regresso a Portugal.

- só isso? e porquê tanta cerimónia?

- Não sei, se calhar teve vergonha ou algo do género.

- Pois pois...

- E além do mais o meu coração já está ocupado- descai-me

- Ocupado? como assim? - perguntou confusa

- Não quero falar desse tema, se não te importas - disse-o com um tom de voz que ela  bem conhecia, tom esse que se insistisse a conversa iria correr mal, por isso não insistiu e eu agradeci por isso. apenas lhe disse que, no momento certo iria saber, mas que não insistisse.

Ela também percebeu o porquê de eu não me ter junto a ela na festa, devido a uma rapariga que estava no grupo que era filha de um homem que era bastante importante nos negócios do pai dela e, apaesar de no passado ter-me feito muito mal, devido à minha popularidade nos locais nocturno e não a suportar desde então, a Camila não se podia dar ao luxo de interferir nesse problema que era só meu, porque teria um desfecho muito mau para a vida profissional do seu pai.

Chegámos a casa e os nossos familiares estavam na sala bastante animados, o álcool já estava a vir ao de cimo, apenas a minha avó já estava deitada.

- Que animação vai aqui? - dissemos enquanto abraçávamos as nossas mães.

Elas perguntaram-nos como tinha corrido o resto da festa. A Camila fez questão de informar sobre o meu amigo novo, o Cuã. Eles imediatamente me olharam.

- Calma que é só um amigo, apenas nos conhecemos e dançar - informei - Informo que esteve lá um jornalista a fazer uma matéria sobre a escola de surf e obviamente vai falar do patrocinador principal. Vai ser notícia de destaque na revista ''men' health'' e pediu a mim e ao Cuã para fotografarmos juntos, já que não havia lá nenhum membro da empresa de cosméticos e eu como sou neta da dona e o Cuã é a cara da escola...

- Que óptimo!! de certeza que a foto vai ficar linda, nem me lembrei desse pormenor, até porque fomos informados desse destaque da nossa empresa, só que com a vossa chegada e o Natal esqueci-me completamente e ainda bem que lá estavas para nos representares. - disse a minha mãe

- Mais valia não estar, mãe tu sabes que não gosto nada destes protagonismo e muito menos sair em revistas...mas foi pela nossa família e pelo vosso negócio. - rematei

- Eu sei filha, todos temos consciência que foi um enorme esforço da tua parte e agradecemos-te por isso, estou ansiosa por comprar a revvista e ver as fotos da gala - respondeu a minha mãe com um ar animada.

- Não precisas de comprar a revista, basta passares numa quiosque e olhares para a capa - informei

- Para a capa? - perguntou o pai da Camila

- Sim, somos capas da revista deste mês, acharam que seria um bom destaque, além do mais não são todos os projectos que têm um actor reconhecido como cara nem uma empresa conceituada de cosméticos a patrocinar.

- Mas eles não me informaram de capa, apenas disseram que iriam fotografar o evento do principio ao fim.

Do principio ao fim? Então não foi apenas uma foto e o fotografo abandonou o evento e à mesma foto acompanhada uma grande descrição da festa? Havia mais fotos? De repente veio-me à cabeça a nossa cumplicidade a dançar, mais de três horas naquilo, parecia que nos conhecíamos de à anos.

- O que foi querida? - perguntou o meu pai - Não queres sair na capa da revista? a tua mãe num instante liga à revista para cancelar a capa é só tu dizeres - perguntou o meu pai ao mesmo tempo que a minha mãe acenava com a cabeça, dizendo que apoiava o meu pai na sua pergunta

- Nada disso pai, simplesmente já sabes que aqui eu não tenho paz em relação a fotógrafos e jornalistas por causa da escolha de vida que fizémos, mas é que o que me preocupa é a vida em Portugal, estou habituada a entrar na faculdade sem ser olhada como uma pessoa diferente, saio na rua e faço o que bem quiser e não saio no dia seguinte nas revistas, é disso que estou preocupada, mas não se preocupem, isto é bom  para vocês e se o é, para mim também vai ser - disse eu fingindo ser convincente, o que resultou.

Na realidade não passava disso, de um fingimento, porque estava bastante preocupada. Queria ter privacidade e depois daquilo não a teria de certeza. Mas iria viver um dia de cada vez.

Despedi-me deles e juntamente com a Camila fomos dormir.

Pijama da Camila

Pijama da Leire
Já estava quase a adormecer quando ouço o som do meu telemóvel. Era uma mensagem.

''Percebo o que disseste e também sei que não estás confortável em saires na revista, mas fazes isso pela tua família e isso é admirável, comprometeres a tua vida daqui para a frente por causa das pessoas que amas demonstra a pessoa que és... e é por isso que sempre fui e sempre serei tua amiga, tenho orgulho em ti, não te disse nada para eles não se aperceberem do assunto e não desistirem daquilo que poderá vir a divulgar a escola, mas queria que soubesses. Adoro-te miúda. Beijos e até amanhã
Camila''

Fiquei sem palavras, sabia que me conhecia, mas tão bem não! pensei que a tivesse convencido como aconteceu com o resto, mas enganei-me ela conhecia-me melhor que ninguém. respondi-lhe.

''Obrigado por perceberes, mas eu vou fazer o que eles toda a vida fizeram e irão fazer no futuro, se hoje sou o que sou devo-lhes a eles e a todo o esforço e dedicação que deram à empresa da minha avó, esse esforço hoje em dia é-me pago com a minha realização pessoal, poder estudar o que gosto, poder viver onde adoro sem passar dificuldades e poder ter experiências que, sem a nossa posse económica não o fazia. Obrigado por essas palavras e fizeste bem em não tocar no assunto, porque ás vezes vale mais não arriscar! Também te adoro... Beijos e dorme bem!''

Pousei o telemóvel na mesa de apoio e o telemóvel volta a tocar, sempre pensei que fosse a Camila, mas não era...

[PEÇO DESCULPA PELA DEMORA, MAS NÃO TIVE TEMPO DE FAZÊ-LO MAIS CEDO.
AQUI FICA UM CAPÚTULO ENORME PARA VOS COMPENSAR.]

DE QUEM SERÁ A MENSAGEM?
SERÁ QUE AS CONSEQUÊNCIAS DAS FOTOS VÃO SER GRANDES?

Sem comentários:

Enviar um comentário